quarta-feira, 31 de agosto de 2011

É a mesma coisa, só que com sangue.

Eu sou estudante de doutorado. O que significa dizer que o meu dia se divide entre ler e escrever (implementar software também é escrever). Emocionante, né? Se liga no bate-papo uol entre eu e minha namorada:

Lívia: Fez o que hoje?
me: Você sabe, né. Li. Escrevi. Usei redes sociais.
Lívia: humm...

(aqui ela resolveu começar o papo desagradável)

Lívia: aprendi a fazer parto cesáreo hj e a fórcepe
           na teoria
           heheheh

(tentei amenizar com uma piadinha até boa)

me: na pratica eh a mesma coisa liu
       soh que com sangue
(aí já era... )

Lívia: kkkkkkkkkkkk
          tem um perigo
          tem umas tecnicas e manobras n sei das quantas
          pode cegar o menino se fizer errado
          dar traumatismo craniano
          tem que ter experiencia

me: vou jantar. boa noite.

Eu não entendo como alguém se torna experiente em parto com fórceps. Tem tanto moleque cabeçudo assim no mundo? Que são os melhores? Os Cearenses?

Esse post foi só pra mostrar a diferença entre as emoções que ocorrem durante o meu dia e o dela. Enquanto eu leio e escrevo, ela tenta trazer ao mundo um parafuso maior que a porca.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Já não somos os mesmos e vivemos como nossos pais

Eu sinto muito o choque de gerações quando estou com alguns da minha família. Meu pai é exceção, ele entende que as coisas mudam, mas a maioria não é. É sempre a mesma tríade: concurso, estabilidade, e trabalhar pouco.

É difícil esse pessoal entender que as primaveras passaram. E como passaram! Não só isso, mudaram a forma como pensamos.

A gente, apesar de gostar bastante, não coloca o acúmulo de dinheiro em primeiro lugar. Nós queremos viajar. Nós queremos gastar. Poucos da gente pensam em ter 3 apartamentos para viver de aluguel. A ideia de ter um emprego estável em uma repartição para o resto da vida, embora tão bonita nos seus vitrais, nos repartem ao meio.

Quermos ser donos de algo. Material ou não. Queremos ter ideias e implanta-las antes que o fantasma da estabilidade e preguiça nos alcance.

Nós, apesar de termos sidos servidos a vida toda, somos amigos do garçom. Não notamos a diferença entre servido e servidor que era tão clara há 20 anos atrás. Não toleramos mal criação com qualquer que seja a pessoa, esteja ela sentada na sua mesa, no balcão do supermercado ou te trazendo uma cerveja.

A gente gosta de construir coisas. De verdade mesmo, estamos pouco preocupados com estabilidade. Talvez porque vocês se preocuparam demais com isso, ou talvez porque não seja mais preciso, dada a realidade que enfrentamos.

Nós queremos participar de coisas grandes, queremos mudar algo. Nós achamos mais interessante ser professor de um departamento pequeno e com gente afim de mudar algo, do que entrar em um já estabilizado e ter que lutar contra leões que, embora cansados, atrapalham um bocado.

A gente até topa fazer concurso para algum TR*, desde que possamos trabalhar de forma decente. Colocar a coisa pra frente, entendem? Não para ser mais um a interromper o carimbo às 17:59.

A gente, antes de vocês, percebeu que experiência tem pouco a ver com o tempo e muito a ver com o que se vive.